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Estar Presente e Falar
Aprender a estar internamente presente—naquele estado de presença onde não existem palavras—começa com estar mais externamente em silêncio, falando menos. Por exemplo, podemos falar com menos freqüência, mais lentamente, com menor intensidade, e por períodos mais curtos de tempo. Esforços deste tipo, acompanhados pela atenção dividida, aumentam a nossa capacidade de promover e prolongar a presença. Isto é o que quis dizer Rodney Collin, discípulo de Ouspensky, quando escreveu: “É extraordinário quantas portas parecem abrir-se quando se abandona o falar”.
As palavras e a expressão de nós mesmos com o uso das palavras têm uma tendência especial de obscurecer a presença. De um lado, as palavras dão forma aos muitos "eus"; externalizá-los com a fala adiciona peso a eles. De repente, a palavra falada parece mais substancial que a presença sem palavras, até o ponto de subjugar a atenção dividida. Como observou Robert Earl Burton, fundador da Fellowship of Friends: "Quanto mais você falar, menor é a sua possibilidade de realizar aquilo que diz, pois a fala tem a tendência de substituir a realidade".
Isto também é verdade para o falar interior, que parece uma parede atrás da qual sem perceber nos escondemos. Embora possamos ser externamente calados, as nossas reações e o falar interior podem também substituir a presença tanto ou mais que falar externamente. Relacionado a isto, o sufi Al-Antaki disse: "A hora mais desastrosa para o falar ocorre quando o silêncio é melhor para você, e a hora mais desastrosa para o silêncio ocorre quando o falar seria melhor e mais útil a você".
Particularmente sobre o falar, Ouspensky disse: “Falamos, falamos e falamos sem nunca realmente notar, pois isto nos dá prazer e preenche o tempo. Evitar falar inútilmente—isto é trabalho em ser".
Isto também ocorre ao falar sobre o trabalho. Como Burton disse: "Quando você falar sobre o sistema tenha cuidado, pois poderá começar a tagarelar e perder a lembrança de si". Ele também comentou que "o centro instintivo gosta de ouvir o som da própria voz", referindo-se à parte intelectual do centro instintivo e como ela usa o falar para nos conduzir longe da presença. Fará isto mesmo quando outra pessoa está falando, e nós deixamos de ouvi-la com a imaginação do nosso próprio falar interior.
Para valorizar e prolongar a presença enquanto falamos, devemos ultrapassar a necessidade de expressar, defender ou justificar a nós mesmos com o que dizemos, da mesma forma como devemos ultrapassar nossa necessidade do silêncio como um esconderijo. Nos dois casos temos que lembrar do significado da lembrança de si: que nenhuma palavra externa ou interna é a presença; que as funções não são consciência; que estamos adormecidos sempre que o falar ou o não falar acontecem por si mesmos, sem a atenção dividida.
Existem também alguns métodos para promover a presença ao falar (além dos já mencionados no início deste artigo). Um destes é introduzir "eus" de trabalho antes de falar. Por exemplo: "Fale com presença". "Valorize a presença mais que as palavras". "Ouça sua voz com a atenção dividida". Firmar a presença logo no início é o melhor objetivo, mas também é possível perceber, no meio de uma sentença, o que está acontecendo e aí introduzir um "eu" de trabalho interno: "Volte". "Esteja aqui enquanto fala". "Não sacrifique a presença".
Outro método para promover a presença ao falar é minimizar nossos movimentos físicos. Por exemplo: não balance a cabeça, gesticule, ou mova o corpo em demasia. O propósito não é enrijecer os movimentos, mas controlar a tendência do centro motor a distrair-nos e substituir a presença.
Isto também se aplica aos centros emocional e instintivo, que geralmente funcionam em conjunto para obscurecer a presença. Por exemplo: expressões faciais ou tom de voz extremados; manifestar sarcasmo, crítica ou astúcia. Isto tudo pode parecer pouco, mas se você observar de perto verá como a imaginação é estimulada e substitui a presença.
Como disse o sufi Abu-Bakr: "O silêncio não está confinado à língua, mas liga-se ao coração e aos membros". Ensina também Robert Burton: "Tente estar presente quando falar, e ao terminar, tente estar presente em silêncio. Presença em silêncio prolonga a lembrança de si".
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1 — Um Panorama do Sistema
• O sistema é um antigo conhecimento objetivo
• O homem como microcosmo pode transcender a si mesmo
• As Escolas usam métodos precisos para o despertar
2 — Os Quatro Centros Inferiores (requer a palestra 1)
• Observações sobre o funcionamento dos centros inferiores
• Reconhecendo quando os centros inferiores tomam o lugar da presença
• Usando os centros inferiores para alcançar os centros superiores
3 — Promovendo e Prolongando a Presença
(requer as palestras 1 e 2)
• O desenvolvimento do mordomo e das partes intelectuais dos centros
• Métodos específicospara promover e prolongar a presença
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 Anjo em bronze Coleção da Fellowship of Friends.
Pensamentos sobre a presença e o falar
Falamos demasiadamente. Se nos limitássemos ao que é realmente necessário, por si só isto já seria guardar silêncio.
George Gurdjieff
Passar tempo falando e rindo é uma das coisas mais mecânicas. Uma pessoa pode ser capaz de resistir a tudo menos a uma boa comida; outra resiste a tudo menos falar.
Peter Ouspensky
Falar sem restrições sempre tem maus efeitos—a maior parte deles sobre quem está falando.
Rodney Collin
Quando você olhar à sua volta sem palavras, prolongará um estado sem palavras. Você também deve prevenir-se contra grupos de ‘eus’ que estão acostumados a substituir a lembrança de si.
Robert Earl Burton
O estado mais elevado está além do alcance dos pensamentos.
Upanishads
Evite gesticular ao falar..
Chilon
O amante do silêncio aproxima-se de Deus, e Deus o alcança e o ilumina.
João da Escada
O primeiro passo na direção da liberdade espiritual é controlar a mente, parar de tagarelar e manter silêncio.
Buda
Não fale a menos que a sua fala tenha algum significado.
Ibn Arabi
Silêncio, nenhuma palavra. Estamos além das palavras..
Jalaluddin Rumi
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