Os dois mundos

Às vezes lembramos de estar presente. Às vezes somos lembrados; por um estímulo interno para dividir a atenção, para despertar, mostrando um mundo mais elevado dentro de nós. Este é o significado da sentença esotérica 'Como acima, assim abaixo', onde o caos dos muitos Eus abaixo obscurece o mundo elevado acima, enquanto que quando este mundo elevado se manifesta, os muitos Eus voltam para os seus lugares. O ser humano é a ponte entre o mundo inferior e o divino.

Quando uma pessoa percebe que o mundo inferior, o mundo dos muitos Eus, ocupa nossa mente ao custo de nossa consciência, ela redireciona o equilíbrio e parte para uma existência superior. Porém, requer preparação para viajar entre os dois mundos do cosmos de um ser, uma viagem para longe do mecânico para o 'retiro' da presença. É um trabalho consciente, subir acima dos muitos Eus para o topo da presença.

Subimos em direção a Deus, o divino interior. A ascensão é difícil, e esquecemos as razões para tanto empenho. Porém, sem fôlego após o esforço, observando a vista obtida, somos relembrados das razões da escalada. O barulho do mundo inferior está longe. Neste lugar interior elevado, o ar é puro, a vista é aberta em todas as direções, estamos vazios de tudo exceto um estado claro de presença, e gratidão por ter feito a escalada. O caminho, a subida, a técnica para o despertar é sagrado. Do alto de uma montanha tibetana, Gampopa disse, 'É o maior milagre quando uma pessoa desperta do sono.'

Esta escalada para Deus é obscurecida pelo mundo inferior. Todos os interesses, desejos, aspirações, que vêm tão facilmente, o que queremos, o que gostamos, o que temos interesse, todos os Eus que fluem naturalmente para dentro de nós como água num canal. Rumi encontra o mesmo em si, dizendo, 'Que tipo de oração é esta, estar sentado dentro da mesquita com o meu coração no bazar?' O caminho para esta estonteante, milagrosa escalada está amontoado com as coisas do mundo. Porém quando estabelecemos a importância de estar presente, a possibilidade de uma nova vida se abre. Não mudando as coisas externas, mas ajustando a vida interior para uma viagem ao Eu Superior. Separando-se do mundo exterior, enfatizando o interior, tornando-se pronto para o eterno.

As escolas constróem monumentos para simbolizar esta viagem. O templo Budista Borobudur, na ilha de Java na Indonésia, é chamado de 'montanha inexplicável do acúmulo das virtudes', onde a virtude é o acúmulo dos momentos conscientes. O templo é uma estrutura enorme, é uma 'oração em pedra' como um arqueólogo o descreveu. Ele também representa uma jornada interior; uma escalada de três milhas da base ao topo, através de entalhes da vida do Buda chamada 'Descoberta da Peça', até a estupa no décimo nível onde a pessoa se ergue em presença, como uma chama entre a fronte.

Pensamentos relacionados

As pessoas vão e vêm pela porta onde os dois mundos se encontram. A porta é circular e aberta. Não volte a dormir.
Rumi 

O coração tem cento e uma artérias; uma delas vai até a cabeça. Aquele que escalar através disto alcançará imortalidade.
Upanishads   

Agora Alah me transporta da casa do mundo que é temporal para a casa do outro mundo que é eterna.
As Mil e Uma Noites

Aqueles que estão estabelecidos na Verdade vão para cima.
Bhagavad-Gita

A língua Grega deriva sua palavra para 'homem' pelo fato de que ele olha para cima.
Pedro de Damasco

Qualquer um que queira subir para o topo daquela montanha - ou seja, para aperfeiçoar a virtude, saberá quão duro é a subida, e como a tentativa é amaldiçoada a falhar sem a ajuda da Palavra.
Bernard de Clairvaux:

O silêncio significa o vazamento de todos os pensamentos, mesmo aqueles que são divinos; pois dando a nossa atenção para eles porque eles são bons, nós estaremos perdendo o que é melhor.
Gregório de Sinai

Porque você carrega uma carga de livros em suas costas ao escalar esta montanha, se somente alguns pensamentos de Deus vão acender o fogo divino?
Hafiz

Quando você se livrar da idéia de si, a montanha ruirá.
Huineng

O verdadeiro milagre é o cair do véu.
Ibn Arabi 

Templo Borubudur, Java, Indonésia. O lendário arquiteto de Borobudur, Gunadharma, é conhecido por "sustentar a vara de medida, saber as divisões e acreditar ser composto por partes."

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